Fátima Malça
É por demais sabido que este tempo que atravessamos de espantosos progressos científicos e de avanços inimagináveis na tecnologia está recheado de problemas de extrema gravidade e complexidade. no seu livro O homem LIGHT, Enrique Rojas descreve essa figura como sendo aquela que não possui referências, que fabrica uma religião e uma moral à medida do seu interesse, que caminha ao sabor das suas tendências naturais, sem quaisquer barreiras nem limites a não ser os da sua capacidade volitiva, que absolutiza o relativo e relativiza o absoluto. E assim vão surgindo situações insólitas e aberrantes a reivindicarem até protecção e cobertura legais! Verifica-se um total desrespeito pela vida, desde a destruição de embriões humanos até à prática da eutanásia .Em suma, é cada vez maior a ausência de ética e a falta de moral indispensáveis à equilibrada construção de qualquer projecto válido.
O chamado homem light não busca directamente a felicidade mas o bem-estar, o prazer, as sensações agradáveis, orientando-se apenas pela bússola do egoísmo, do hedonismo, do materialismo e do consumismo. Não sabe construir amizade porque não conhece a solidariedade. Os outros só têm sentido na medida em que são instrumentos necessários à prossecução dos seus interesses materiais. E, deste modo, vai sendo conduzido ao agnosticismo e até ao ateísmo com a natural incapacidade de transmitir aos seus descendentes aquilo que não tem ou em que não acredita. Por isso, o homem light será o homem da solidão, da apatia, do desespero e da angústia existencial.
"O homem converte-se em escravo, a idolatrar personagens e ideais insubstanciais... Quando o coração corre vertiginosamente para esses ídolos de barro que prontamente se quebram, o final deixa-o insatisfeito, pretendendo a busca de uma felicidade que cada vez é mais inalcançável (do mesmo livro O homem light).
Pela sua própria e dolorosa experiência, vai chegar à conclusão da inconsistência e da falsidade de toda sua débil argumentação, reconhecendo que, afinal, a única porta de saída é a que se abre para a transcendência, verdadeira e autêntica dimensão da humana felicidade.